domingo, 7 de fevereiro de 2010

Quero me dar ao direito do não-pensamento, total ostracismo, nenhuma critica,
fiz-me ideal?
Nego o mau poema que acaba de escorregar por sinapse.
E então? Fecho os olhos!
Estou morta?

Testo as palavras, que me sufocam
eis o mau poema, desde que poema
É preciso reescrever o mundo mesmo se impossível imprimir alguma doçura
A poesia suja, decrépita, depreciativa,
no limbo, na lama, no mofo,
no cinzeiro, pra eu poder contar os restos de meus pulmões
e meus olhos tão cansados de tanta chuva e tantos prédios e tantas neuroses.
E meu cérebro tão cansado de tantas repetições, a televisão,
a conversa dos desconhecidos no metrô,
a casualidade das relações humanas.
A buzinas, as luzes, sou um bicho
cheio de medo, que só sabe esconder-se em meio ao concreto
e sem concreto não me sinto, não me vejo
e sem fuligem, caos, São Paulo, nada sou senão esse reflexo
sou naturalmente violência e ruidos, o ensurdecer.
A dificuldade em ser menos racional
E quero, por ímpeto, gritar
e despir-me, mas sou o entrave
das relações sociais
e sou vergonha comportamental
e temo o juri impiedoso, mesmo que esteja só,
mesmo que ninguém me olhe.
E quando me toco, não mais sinto um corpo
estou aqui sentada e insuportavelmente muda
incapaz de ao menos produzir uma lágrima de lamento pela minha impotência.

Um comentário:

  1. Curti! pra caralho =)
    adicionei à listinha do meu pra acompanhar ^^

    estou num bloqueio de escrever, acho que são as férias i.i

    mas começo a sentir pitadas de que está passando ^^

    ResponderExcluir