terça-feira, 12 de outubro de 2010

Cotidiano

Sim, vou me lembrar.
Mais café, mais café, mais café...
Entro no elevador, sinto aquela expectativa de notar-me acompanhada por algum rosto estranho - apenas para desejar-lhe bom dia.
A solidão
Subo a rua, a garoa é incômoda, pago a tarifa, entro no metrô...
Não, não, não há sentido. A garota que estuda administração, o rapaz que busca apreensivamente por informações ao celular, aquele sabor adocicado...
as sapatilhas, sim, as sapatilhas fazem algo como toc toc toc
preto, preto... preto, branco e vermelho...não seria uma combinação?
Ele me olha, notavelmente sente curiosidade.
Mas estamos tão longe...as casas
Sim, as casas, as casas são cheias, de vidas
a transitoriedade me apavora e esses consultórios me causam estranhamento,
como num paradoxo, as instituições se alimentam vulgarmente de vidas.

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Tenho medo
medo, medo, medo de que a habilidade tome algum caráter mecânico.

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Sabão em pó
Esponjas
Cândida
A lista de compras
Me sinto como alguém que espera pelo elevador por mais que dez segundos,
sendo seu destino o primeiro andar.
A janela sempre comunica;
Chove muito, desde o amanhecer.
A casa é quase sempre solitária
louça suja na pia
Coisas por fazer
a lista de mercado...

A cidade tem muitos cheiros
e todos eles me confundem.