terça-feira, 14 de agosto de 2012

Saudade

Ansiosos
corpos
deliram
expectativas
do abraço exato
reencontro
de sorrisos
flutuantes

quinta-feira, 7 de junho de 2012

angústia

meus braços
vazios
de tanta fibra óptica

solitários satélites
em rotação
espalham nossos desejos

que envelhecem
expectativas delinquentes
de isonomia e humanismo

no noticiário
mais crimes passionais
e a possível colisão entre a Via Láctea
[Andrômeda e M33 em 4 bilhões de anos

os olhos que ardem
na iminente dissolução
do sonho cubano

maxilares travados
por tantos governos e exércitos
tantas ordens democraticamente mantidas
[com sangue de cidadãos econômica e fisicamente massacrados

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Desculpas, mancadas e arrependimento

eu errei
você
     errou

não sou eu
       não é
            você

eu não
você não

não há culpados

não fui
      não foi

não fomos
     não
       não foi

não somos

não
não foi
      nada
      ninguém

foi solidão
medo

ausência
e medo
           de ausência

não me desculpe
           ou se desculpe


   não foi
   não há cilada

não se arrependa
      me arrependa

não há
      não é
            não foi


domingo, 22 de abril de 2012

Um último monólogo

Sobre vaidade

Foi naquele último grito- era verão e não há muito - mas sei que foi, agora recordo. Não, os psicotrópicos não soam como boa desculpa. Assim como assumo, naquele último grito - há pouco, cheio de mágoa e desamor - ecoava o desespero do adeus.
Engraçado como é sempre mais fácil lidar com os pontos finais quando a solidão e a madrugada elucidam alguma lembrança. Às vezes a gente reluta durante horas e dias - meses cheios de dias e horas - incansáveis; dolorindo nossas cabeças e tornando paranoicos corações. Até que, do último grito contido, a gente se liberta em lágrima - depois de muitas horas contidas em dias de desculpas mal formuladas - e, eis que, enfim; passando por algum recurso estilístico que engane esse último desgaste...
Bem, não era amor, seu desejo foi só vaidade.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Sobre democraria

Um breve esclarecimento, porque, algumas vezes, é preciso descrever obviedades.

A lei. A lei é feita por homens - de homens para homens - para contemplar aos direitos de alguns homens. Alguns, afinal, nem todos os homens são tão homens. É preciso proteger e legitimar o direito que alguns homens têm sobre os demais homens.
Em meu discurso - acredite - não há excesso, nem repetição, é só nome, quase visualizo uma equação:
Homens + Leis = homens - Direitos;
H + L + D = h
Não, não funciona, não temos aí nenhum resquício de igualdade. Alguns homens são mais homens, e, no estado de direito - democrático, meritocrático, burocrático - a meritocracia define os homens de direito como donos da democracia e detentores das leis e seus processos burocráticos; tudo isso legitimado por cor, classe, sobrenome, patrimônio acumulado, ciclo social.
A lei serve para que os Homens de direito controlem os homens sem direitos, assim, os últimos servem livremente aos fins e interesses dos primeiros.
E então, e as mulheres? As mulheres não são homens, nem homens, são mulheres. E em toda mulher, portanto, há uma revolução em potencial.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Transcender

Tristeza
é nome
de homem
que nasce livre
e se deixa atar

por normas
por ordens
por pesos

camadas de pele
de egos de eus
casas-cárceres
cheios de grades
e medos

Livre é poesia
experimentação
na lucidez lúdica
do imaginário

que desenrola
que reinventa
se retorce em dias
em riso

transcende o corpo
e toca ao outro
na sensação
em que ambos
se reconhecem

segunda-feira, 12 de março de 2012

Gênero

nem mulheres
nem homens
ou mulheres
ou homens
apenas amor
desburocratize
amor
não penas
amor
apenas

Tempestades solares

você provocou
no meu
com as
você faz
você me
você não sabe
onde
então
ou seja
alguém
o Sol

NU

pele
tão mais
intenso
envólucro
quase
aparente
intransponível
movediço,
só verbo