terça-feira, 16 de agosto de 2011

Madrugada

Vai menina!
Deixa que as pernas
conduzam
o movimento ébrio
Flutua
é noite
é Lua cheia
Abandona qualquer lembrança
inquieta
Deixa
deixa os vazios
caidos pelo asfalto
enquanto as luzes
contornam rostos
ecoando risada
sensação
que corre
tropeça
não desafina
Vai menina!
segue os loucos
segue os músicos
todos atores
de andar enigmático
Larga esse relógio
que as horas
não há quem te devolva
jamais


sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Mais

Sobre intensidade

Não tem
desculpa
nem
jeito
Só sei
viver assim
A vida
toda
borbulha
Só nuance
de relance
O tempo
sucumbe
o choro
O riso
explode
Recicla
porque
no peito
aberto
corre
desenfreado
sangue
Na alegria
não germina
desafeto



Mais

Sobre quintas-feiras

A Lua
crescente
a gente
consome
em tragos
curtos
Movimento
de nuvem
densa
que corre
como música

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Tempo

Um encadear

Estive pensando em como as gotas caminham - diminuindo ao longo de metros. Em como logo se desfazem na areia. Refazendo-se vapor. E de como o vapor que sobe vai formando - espiral - uma silhueta de Vênus que dança. Vapor; dos pés aos quadris, quadris à cintura, tronco realizado, braços, finalmente desenhando a cabeça. Em como ela gira suavidade. E breve, se desfaz em flores, começando pelas mãos, os veios em que correu sangue tranformam-se, agora percorridos por seiva. Como elas caem liberdade. Tocam o chão - colorem, é a gravidade intervindo nas pétalas - após lento desabrochar. A beleza do suspiro realizado em ciclos.

Observatório

Inclinar a cabeça para trás é uma incômoda tentativa de deslocamento. Após alguns estalos é possível observar as nuvens, cortadas pelos prédios. Como elas correm rapidamente num céu azul discreto. Subo as escadas após um último cigarro, aquela sensação de relaxamento, como se pudesse pender ao desequilíbrio. Observo a janela, apenas como passagem - são exatas quatorze horas; e as palmeiras contemplam ao Sol com sua atividade verde.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Metáfora

Susurro
ao pé
do ouvido:
Permita-se
subverter
todos
significados;
Apropria
inverte
desconstrói
reestrutura
figura
ou linguagem