quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Outra breve reflexão

Sobre a vida

Tudo que existe é vida. Nada que existe é morte.
Se a morte é o evento que conclui a vida, na verdade, o fascínio não está na morte, assim como a impotência - ou mesmo o medo - não estão na morte, porque em si, a morte nem ao menos existe senão como nome, efeito linguístico.
A ideia de morte corrobora a vida que se esvai, gradativamente; portanto, o que temos é sempre vida e, por fim, ausência de vida. Consequentemente, o deslumbramento está em como a vida é fugaz, em como somos perecíveis, em como o momento entre estar e não estar é impreciso, em como a vida é um evento que nos valida de forma tão plena e, concomitantemente, nos é tão impalpável. O grande deslumbramento é a fragilidade, justamente o que torna a vida um espetáculo, dado equilíbrio absurdamente delicado. Um espetáculo afirmado pela beleza dialética do tênue limiar entre transbordar e esvaziar, que - no fundo - são afirmados pela mesma força que nos dá e nos retira movimento, força sobre a qual estamos todos sujeitos, mas não temos domínio, senão estático; arbitrariedades.

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