sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

É Verão

Me espalho pela manhã, bem cedo. Busco toda fresta que me permita adentrar - democraticamente. Gosto do hemisfério Sul, permaneço quase o ano inteiro. Invado o quarto da menina, primeiro acaricio os lençóis - irradio quando são brancos, explodo em minha intensidade, sorrindo por todo lado; depois me aproprio de cada milímetro de pele, começando pelas pernas; teço desenhos - enfileirando esferas douradas sobre a cama, até a parede. Deslizo suavemente - aqueço essa nudez, com inocência, como se antes nunca houvesse sido tocada; ilumino a face, a faço despertar do sono leve, sinto sua preguiça dócil que logo me abandona. Tenho dúvida e acanho, retrocedo um pouco minhas reproduções que oscilam pela parede. Envaideço, pois retorno todos os dias e - ao longo de meses - ah, a janela sempre aberta.

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