domingo, 2 de janeiro de 2011

Domingo

Há muitos clichês de ano novo; acho graça. Mas como os inícios são mal vistos se expressados pela perspectiva da crítica, bem, tenho pensado e sentido muitos detalhes. Foi uma passagem de sexta para sábado, cuja contagem de tempo estabelecida me faz crer que hoje já seja domingo, sempre acreditei que os domingos fossem um grande clichê, talvez um momento de tédio que prenuncia o retorno à rotina, mas hoje sinto o domingo como uma transição precisa, muito mais precisa que a passagem de uma sexta-feira 31 de dezembro a um sábado, primeiro de janeiro. Pelo simples fato de que o domingo reverbera um recomeço recorrente, ao qual não posso escapar, a cada contagem de seis dias.
Sobre o sábado, os comentários permanecem ácidos, as risadas sendo compartilhadas com cumplicidade, tudo como há de ser numa reunião em família - como tantos domingos. Mas confesso, senti uma fé peculiar, sinto um orgulho peculiar, sinto uma esperança peculiar e ingênua; sinto um concreto, emocionante rito de passagem, foi meu primeiro dia de janeiro e - no alge de meus 23 anos de práxis brasileira - vi uma mulher subir a rampa do Palácio do Planalto; saborosa satisfação que nunca tive ao ler os cadernos de história. Acredito no encadeamento: a ideologia concentra-se nas sinapses, convicções nos músculos; e o movimento de rotação da Terra concluí que, após findo regime ditatorial, 25 anos mais tarde, Dilma Rousseff passa em revista às tropas. Ironias à parte, há muita simbologia num salto alto, ainda mais nos dela.

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