quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Sobre madrugadas - 10/11/2010

Instruções para promover o fragmento; um parágrafo sobre ambivalências

Você disse que eu falo demais, arquétipo – e isso me soou tão típico, talvez eu pressentisse uma surpresa. Eu falava sobre o como me impressiona a literatura das fugazes matrizes imagéticas pós advento do cinema. Você me disse que desde sempre apreciou o viés do texto milimetricamente detalhado. Falamos muito sobre a representação do real e concordamos sobre o quão saboroso é caminhar depois de fumar um cigarro monocromático. […] Houve um cúmplice silêncio […] Perguntei o que você pensava, assumo, grande tolice. Discordamos quanto à sensibilidade de alívio. Então confessei uma ideia comum, que me faz lembrar infantilidade.– Sinto, sim, confesso que sinto uma curiosidade imensa em saber o que as pessoas estão pensando – o que, na verdade, possa ser mentira; estive por um ou dois, não mais que segundos, desejando pegar com os olhos as tuas divagações. Você naturalmente me disse que pensar não é o mesmo que sentir. Automaticamente, notei um embate. – A tênue linha entre o pensar e o sentir; penso que racionalizo o que sinto e quando penso, penso que sinto menos. Aqui sentada, entendo que meu comportamento é este: O ato de entender me faz maior observadora do mundo, se destrincho, é como se fosse capaz de ignorar o medo, é preciso confundir sensibilidade e reflexão para perder o pavor que, impreterivelmente, intuo sobre o que desconheço. Superficializo o tato, sobreponho a lógica à tal esmiuçamento, assim apreendo a paz estabelecida pela segurança da compreensão. As imagens da televisão me lembravam Monet – é tudo tão atraentemente monótono – e eu pensava o quão bela foi a inflexão que você efetivou em mim naquele instante. Quis te agradecer, espontânea e prontamente, emocionei-me ao experimentar essa deliciosa sensação de movimento a que você me propôs. Foi similar à dirigir uma cena de sexo projetando toda a efervescência ao focar apenas um rosto. E a música me invadia de maneira violentamente melancólica, aplausos e silêncio - e eu; hesito em me despedir daquela noite.

3 comentários:

  1. Como é que eu só fiquei sabendo da existência desse blog agora? É lindo. É você.

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  2. O silencio te incomoda, e não é de hj!!!! hahahhaha

    muitoooo bomm!! tua caraa!! adoreiii
    to super orgulhosa

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  3. Muito bom o post! O Blog em si tá show de bola. Continue e não pense em parar!

    Bjãos mulher!

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